quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

O REINADO DAS CARAVELAS

Sob o signo de tão grandes inovações, o impulso exploratório lusitano foi retomado e a aventura do périplo africano se reiniciou. Em abril de 1441, a bordo de uma caravela, Nuno Tristão, "cavaleiro mancebo criado de pequeno na câmara do Infante",3 chegou a um promontório resplandescente de alvura, que batizou de Cabo Branco (hoje Noaudhibou, nordeste da Mauritânia). Na viagem de volta, encontrou-se com o navio de Antão Gonçalves, "guarda-roupa do Infante e homem assaz de nova idade",4 ancorado nos baixios do falso rio do Ouro.
Ali, depois de carregar o navio de peles e óleo de focas, Gonçalves, "por achar vergonhoso retornar à presença do Infante com tão pouco serviço prestado",5 decidiu capturar dois nativos. Esses azenegues foram os primeiros cativos trazidos da África para Portugal. Um deles era um nobre de nome Adahú, através do qual — via intérpretes mouros — D. Henrique enfim tomaria "conhecimento de mui grande parte das cousas daquela terra". As notícias dadas por Adahú foram de tal forma auspiciosas que o Infante de imediato enviou um embaixador a Roma para obter uma bula papal que lhe concedesse não apenas o monopólio no comércio com a África como a autorização para "fazer a guerra contra os infiéis, tirar-lhes as terras e escravizá-los". O papa Eugênio IV assinou tal bula em 19 de dezembro de 1442, e Nicolau V renovou-a em junho de 1452. Estava nascendo um império escravagista

(do livro A viagem do Descobrimento - de Eduardo Bueno)

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

 Síndrome de Dâmocles: o que é e quais são seus sintomas

 

Ao longo da história, muitas fábulas e histórias serviram como fonte de inspiração para contextualizar alguns fenômenos mentais na gíria psicológica.

 
A síndrome de Dâmocles, por exemplo , vem de uma história típica da cultura grega clássica, na qual um jovem e lisonjeiro cortesão é punido por seu mestre, Dionísio II.

Neste artigo, saberemos do que se trata essa história, bem como seus antecedentes psicológicos e por que ela serviu de inspiração para a síndrome que leva seu nome.

 O que é a síndrome de Damocles?

Esta síndrome é nomeada após uma fábula da cultura grega antiga . Vamos ver do que se trata essa fábula.

Dâmocles era um jovem cortesão, mais lisonjeiro com seu mestre, o tirano Dionísio II, que governou Siracusa entre 367-357 aC. C. e novamente estava entre 346-344 a. C.

Em uma ocasião, Dionísio decide punir seu fiel servo, dando-lhe uma lição por causa de sua devoção exagerada a ele. O tirano propõe a Dâmocles mudar de lugar durante uma refeição e, dessa maneira, ele dá seu lugar privilegiado à mesa, juntamente com todas as atenções, como se Dâmocles fosse o governante absoluto do lugar.

O cortesão gostava de comer, beber e desfrutar de atenção pessoal das mulheres locais.

No final da refeição, Damocles olha para cima e observa que há uma espada extremamente afiada presa ao teto , acima de sua cabeça, apenas por um fio fino de crina de cavalo.

Quando ele percebeu essa situação, todo o desejo de continuar comendo foi removido, e ele nunca quis receber o “privilégio” de sentar lá novamente.

A partir dessa história, surge a síndrome de Damocles, mencionada acima, cunhando o termo como uma referência aos perigos que podem surgir quando menos o imaginamos, ou quando tudo parece estar indo bem.

Relacionado:  Os critérios diagnósticos da psicopatia de acordo com Cleckley

 Antecedentes psicológicos do mito

No campo da psicologia, esse termo foi adotado como uma metáfora para se referir ao estado de ansiedade que alguns pacientes apresentam após terem superado uma determinada doença .

Geralmente, essa síndrome geralmente ocorre com muita frequência em pacientes com câncer que conseguem superá-la de uma maneira aparentemente bem-sucedida. É comum que, depois de conhecer as notícias, elas se empolguem e uma sensação indizível de satisfação as invada.

Mas, depois de um tempo, começa a surgir uma preocupação irracional sobre uma possível recaída , e eles começam a temer que, a qualquer momento, quando menos esperem, o câncer volte a estar presente em suas vidas, caindo sobre eles como a espada que Ele pairava sobre a cabeça de Damocles.

É assim que, desde o primeiro momento em que esses pensamentos intrusivos chegam à vida do sujeito, uma provação começa para eles, no sentido de que sua tranqüilidade já está bastante comprometida pelo medo e pela ansiedade de uma recaída. .

Sintomas

 É natural que, depois de superar uma doença complicada, como o câncer, seguindo o exemplo do exemplo anterior, os pacientes sintam um pouco de angústia com a continuidade do seu estado de saúde.

É por isso que para determinar que uma pessoa está apresentando essa síndrome deve atender aos seguintes critérios:

  • O medo da recaída deve ser irracional e muito intenso .
  • O sujeito apresenta altos níveis de ansiedade antes de realizar exames de rotina.
  • A angústia começa um pouco depois de ser descarregada .
  • Presença de pensamentos intrusivos e catastróficos.

É importante ter em mente que o comportamento ansioso no sujeito deve ser intenso e prevalente por um período de tempo significativo ; caso contrário, pode ser devido a alguma situação específica e não à síndrome de Dâmocles.

De qualquer forma, a síndrome de Damocles não é uma categoria clínica oficialmente reconhecida nos manuais de psiquiatria.

O que fazer nesta situação?

Considerando que essa síndrome se baseia principalmente em intensa ansiedade e estados de ansiedade causados ​​por pensamentos catastróficos intrusivos, o tratamento é dividido em sessões de psicoterapia para o paciente e aconselhamento para familiares .

No caso do paciente, o processo é baseado em fazê-lo entender sua situação real, que ele é um sobrevivente e que esse deve ser um motivo de alegria e motivação para ter uma vida plena.

Ele procura manter o sujeito no aqui e agora , impedindo que seus pensamentos sejam mais rápidos do que a realidade que ele está vivendo naquele momento. A psicoterapia baseada em métodos cognitivos comportamentais é eficiente durante as sessões.

No caso dos familiares, o processo consiste em educá-los para que não desempenhem papel contraproducente na vida do sujeito em questão ; Muitas vezes acontece que, devido à ignorância, a família age de maneira errada e pode se tornar extremamente protetora da pessoa, deixando-a ainda mais ansiosa.

E às vezes acontece o oposto: como eles acham que ele se recuperou completamente, eles acreditam que é melhor mantê-lo longe de todo o ambiente de hospitais e médicos.

Nenhuma dessas posições está correta, o ideal é seguir o que é indicado pelos especialistas, comparecer a consultas quando agendadas para exames de rotina e não tomar decisões com base em crenças pessoais.

Referências bibliográficas:

Baker, K. (1987). Enciclopédia da Benet’s Re.ader.

segunda-feira, 15 de março de 2021

 

O QUE FAZER COM OS IGNÍFEROS?

"Uma das possíveis versões de um velho conto sobre a origem do assado é esta:

Certa vez houve um incêndio num bosque onde se achavam uns porcos. Esses se assaram. Os homens, acostumados a comer carne crua, os provaram e os acharam saborosos. Logo, cada vez que queriam comer porcos assados, punham fogo em um bosque. Até que descobriram um novo método.

Mas o que quero narrar é o que aconteceu quando se tentou modificar o SISTEMA para um novo.


Havia muito tempo que as coisas não andavam bem: os animais se carbonizavam, às vezes ficavam parcialmente crus, outras ficavam de tal maneira queimados que era impossível utilizá-los. Como era um procedimento montado em grande escala, preocupava muito a todos, porque, se o SISTEMA falhava, as perdas ocasionadas eram igualmente grandes. Milhares eram os que se alimentavam de carne assada e também milhares eram os que se ocupavam desta tarefa. Portanto, O SISTEMA simplesmente não podia falhar. Mas, curiosamente, à medida que crescia em maior escala, mais parecia falhar, causando maiores perdas.

Por causa das deficiências, aumentavam as queixas e era do conhecimento geral a necessidade de reformar o SISTEMA. Tanto, que todos os anos se reuniam Congressos, Seminários, Conferências, Jornadas, para achar a solução. Mas parece que não acertavam em melhorar o mecanismo, porque, nos anos seguintes, voltavam a se reunir em Congressos, Seminários, Conferencias e Jornadas. E, assim, sempre.

As causas do fracasso do Sistema, segundo os especialistas, deviam prender-se à indisciplina dos porcos, que não permaneciam onde deveriam ficar, ou, talvez, à inconstante natureza do fogo, tão difícil de controlar, ou às arvores, excessivamente verdes, ou à umidade da terra, ou ao serviço de informações meteorológicas, que não acertava qual o momento, lugar e intensidade dos ventos, ou…

As causas eram, como se vê difíceis de determinar, porque na verdade, O SISTEMA para assar porcos era muito complexo: havia-se montado uma grande estrutura e uma grande maquinaria com inúmeras variáveis, havia-se institucionalizado. Havia indivíduos dedicados a incendiar: OS IGNÍFEROS, que por sua vez eram especialistas de setores: incendiador de ignífero de zona norte, zona oeste, etc.; incendiador noturno, diurno com especialização matinal ou vespertina, incendiador de verão e inverno (com disputas jurisdicionais s/o outono e a primavera). Havia especialistas em vento: OS ANEMOTÉCNICOS. Havia um Diretor Geral de Assamento e Alimentação Assada, um Diretor de Técnicas ÍGNEAS (com seu Conselho Geral de Assessores), um Administrador Geral de Reflorestamento Incindiável, uma Comissão Nacional de Treinamento Profissional em Porcologia, um Instituto Superior de Cultura e Técnicas Alimentares (o ISCETA) e o Bureau Orientador de Reformas Ígneo-Operativas (BODRIO).

O BODRIO era tão grande que tinha aproximadamente 7.000 porcos para um Inspetor de Reformas. E era precisamente o BODRIO que promovia os Congressos, Seminários, Conferências e Jornadas. Mas estes só pareciam servir para aumentar o BODRIO em burocracia.

Haviam-se projetado e estava em pleno crescimento a formação de novos bosques e florestas, seguindo as últimas indicações técnicas (em regiões escolhidas, seguindo uma determinada orientação: onde os ventos não sopram mais de 3 horas seguidas, onde era reduzida a percentagem de umidade, etc.).

Havia milhares de pessoas trabalhando na preparação desses bosques, que logo seriam incendiados. Havia especialistas na Europa e nos Estados Unidos, estudando a importação de madeiras, árvores, sementes, tipos de melhores e mais potente fogos, estudando estratégias operacionais (por exemplo: fazer poços para que neles caíssem os porcos). Havia ainda grandes instalações para conservar os porcos antes do incêndio, mecanismos para deixá-los sair no momento oportuno, técnicos em sua alimentação.

Havia especialistas na construção de estábulos para porcos; professores formadores de especialistas na construção de estábulos para porcos, universidades que preparavam formadores de especialistas na construção de estábulos para porcos; investigadores que fiscalizavam o trabalho das universidades que preparavam professores formadores de especialistas da construção de estábulos para porcos.

As soluções que os congressos sugeriam eram, por exemplo: aplicar triangularmente o fogo à razão de ?a-1 pela velocidade de vento; soltar os porcos 15 minutos antes que o fogo médio do bosque alcançasse 47°C; outros diziam que era necessário colocar grandes ventiladores que serviriam para orientar a direção do fogo e assim por diante. E, não é preciso dizer, muitos porcos estavam de acordo entre si e cada um tinha investigações e pesquisas para provar suas afirmações.

Um dia, um IGNÍFERO categoria SO/DM/V-LL, ou seja, um Incendiador de Bosques, Especialidade Sudoeste, Diurno Matinal, Licenciatura em Verão Chuvoso, chamado JOÃO SENSO COMUM, disse que o problema era muito fácil de resolver. Tudo consistia segundo ele em que primeiro se matasse o porco cru, que fosse limpo e cortado adequadamente e colocado em uma rede metálica, ou em uma armação sobre brasas, até que pelo efeito do calor e não da chama, estivesse assado.

– ‘Matar?’ Exclamou indignado o Administrador de Reflorestamento.

– Quem mata é o fogo. Nós não matamos nunca!

Inteirado, o Diretor Geral de Assamento mandou chamá-lo, perguntou-lhe que coisas raras andava dizendo por aí e, depois de escutá-lo disse:

– O que você fala está bem, mas só em teoria. Não vai dar certo na prática, é impraticável. Vejamos: o que você faria com os ANEMOTÉCNICOS, caso se adote o que sugere?

– Não sei, respondeu João.

– Onde você colocaria os incendiadores de diversas especialidades?

– Não sei.

– E os indivíduos que têm ido ao estrangeiro para aperfeiçoar-se durante anos, cuja formação tanto custa ao país? Vamos colocá-los a limpar porquinhos?

– Não sei.

– E os especialistas em sementes em madeiras? E os construtores de estábulos de sete andares, com suas novas máquinas limpadoras e perfumadoras automáticas?

– Não sei.

– E os que têm se especializado todos esses anos para integrar os Congressos, Seminários e Jornadas para reformas e melhoramentos do SISTEMA, seu ‘resolve tudo’? Que faço com eles?

– Não sei.

– Você se dá conta agora de que a sua idéia não é a solução de que necessitamos todos? Você crê que se tudo fosse tão simples não o teriam descoberto antes nossos especialistas? E o que os autores dizem disso? Que autoridade pode apoiar a sua afirmação? E o que faço com os bosques já preparados, prontos para serem queimados, cujas árvores não produzem frutos e cuja escassez de folhas faz com que não sirvam para sombra? Que faço? Diga-me?

– Não sei.

– Que faço com a Comissão Redatora de Propostas de Assamento com o Departamento de Classificação e Seleção de Porcos, Arquitetura Funcional de Estábulos, Estatística e População, etc.?

– Não sei.

– Diga-me: o engenheiro de Porcopirotecnia, Dr. D.C. Figuração, não é extraordinária personalidade científica?

– Sim. Parece que sim.

– Bem. O simples fato de possuir valiosos e extraordinários engenheiros em Pirotecnia indica que O SISTEMA é bom. Que faço com indivíduos tão valiosos?

– Não sei.

– Viu? Você, o que tem a fazer é descobrir como fazer novos ANEMOTÉCNICOS, como conseguir mais rapidamente incendiadores de oeste (que é nossa dificuldade maior), como fazer estábulos com melhores pisos ou como melhorar o solo. TEMOS DE MELHORAR O QUE TEMOS E NÃO MUDÁ-LO. Traga-me você uma proposta para que nossos cursos na Europa custem menos, como fazer uma boa revista para análises profundas do problema da reforma do assamento. É disso que necessitamos. É de que o País necessita. A você o que falta é a sensatez, Senso Comum. Diga-me, por exemplo, o que faço com meu bom amigo (e parente) o Presidente da Comissão para o Estudo de Aproveitamento Integral dos Ex-Bosques?

– Realmente, estou perplexo, disse João.

– Bem, agora que conhece bem o problema, não vá por aí dizendo que você o resolve completamente. Agora vê que o problema é mais sério e não tão simples como se imaginava. Um que está por baixo e de fora diz: ‘Eu resolvo tudo!’. Mas tem-se de estar por dentro para conhecer os problemas e saber as dificuldades. Agora, aqui entre nós, eu lhe recomendo que não insista no seu método, porque poderá trazer-lhe dificuldades com o seu posto. Não por mim! Digo para o seu bem, porque o compreendo; entendo o seu plano, mas, você sabe, pode encontrar-me com outro superior menos compreensivo, você sabe como são às vezes, hein?

E o pobre João Senso Comum não disse nada. Sem se despedir, entre assustado e estonteador, com a sensação de estar caminhando de cabeça para baixo, saiu e não foi visto nunca mais. Não se sabe para onde foi. Por isso é que dizem que nessas tarefas de reforma e melhoria do SISTEMA, falta sempre ‘SENSO COMUM’…

Gustavo F. Girigliani: La Escolaridad Enjuiciada.
Esta fábula foi publicada originalmente na revista
Cátedra Y Vida, Buenos Aires, 1959.

Tradução de Sandra Diniz Costa.
Uberlândia – Minas Gerais."

sábado, 1 de agosto de 2020


PARADOXO

Fico tentando entender quem somos quando ...
Há uns quatro bilhões de anos, com o nascimento do planeta terra, imagino que ele era uma bola incandescente e que depois de milênios esfriando tornou-se uma esfera perfeita. Em algumas depressões formaram-se os rios e os mares sem grandes acidentes geográficos. Os rios corriam suavemente de sua nascente aos grandes lagos ou oceanos. Após esse período começaram surgir erupções vulcânicas, terremotos, acomodamento de placas tectônicas etc. Essas ocorrências terríveis causaram grande mudança na crosta terrestre. Surgiram vales, montanhas, erosões, mudança da qualidade de solo e outras alterações que viriam mudar completamente o curso suave dos rios.
O rio que corria suavemente num repente se viu despencando de uma altura de uns duzentos metros. Ao redor dessa erosão, suas águas foram cavando cavernas modificando ainda mais o ambiente que passaria a se chamar “cachoeira ou catarata”.
Diante de todo esse desastre geológico, o homem fica extasiado e perplexo em admiração. Acha uma paisagem linda. Tira fotos, faz filmes e não se contém diante de tanta “beleza”.

Fico tentando entender quem somos quando ...
Num ringue, dois brutamontes, um em cada canto em diagonal fazem trejeitos e saltitam para exibir seus dotes físicos. Ao redor, mais abaixo, numerosos espectadores aguardam barulhenta e ansiosamente o som do gongo que aproximará os dois contendores. Quando a luta começa os personagens principais desse espetáculo trocam socos, pontapés e outras agressões violentas causando verdadeiro delírio para quem assiste. A gritaria aumenta chegando ao histerismo.

Fico tentando entender quem somos quando ...
Vejo com que admiração todos os relatos históricos citam os “Grandes Conquistadores”: Hernán Cortez: Conquistou o Império Asteca; Franzisco Pizarro: Conquistou o Império Inca; Mahmud de Ghazni: Conquistou grande parte do território do atual Irã; Napoleão Bonaparte: Conquistou grande parte da Europa; Adolf Hitler: Conquistou grande parte da Europa e Africa do Norte; Átila, o Huno: Conquistou a Europa Central e Oriental; Ciro, o Grande: Conquistou a Ásia Ocidental; Tamerlão: Conquistou o Sudoeste Asiático; Alexandre, o Grande: Conquistou a Península Balcã, Ásia Menor, Oriente Médio e Egito; Gêngis Khan: Conquistou territórios do Oceano Pacifico ao Mar Cáspio. E leio também que essas conquistas foram feitas à custa de muita atrocidade e sangue.

Fico tentando entender quem somos quando ...
Quero assistir a um filme através da televisão e vou clicando no controle remoto a escolha de um apropriado e apenas encontro: O Exterminador do Futuro; Covil de Ladrões; Zumbilândia; Alma Perdida; A Marca do Demônio; Boneca Maldita; O Massacre da Serra Elétrica; Floresta de Sangue; O Homem das Trevas; Matador em Perigo etc.

Fico tentando entender quem somos quando ...
O motorista de um caminhão transportando mercadorias tem um mal súbito e capota seu caminhão, dezenas de pessoas estacionam ao seu lado. Não para socorrê-lo mas para saquear sua carga.

Para mudar esse paradigma de maldade e violência já enraizado em nosso DNA apenas contamos com um conjunto de normas que chamamos de leis, as escolas e as religiões. Se nos analisarmos ao longo do tempo veremos que desde a antiguidade até os dias atuais houve considerável melhora em nosso  comportamento mas não em nossa essência. 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

O AMIGO E A BRASA SOLITÁRIA

Um Oficial de Marinha, já na reserva, comparecia assiduamente às reuniões de um grupo de amigos de farda, e, de repente, deixou de participar de suas atividades.
Algo o fez afastar-se...
Depois de algumas semanas, um colega de turma, velho Capitão-de-Mar-e- Guerra, integrante do grupo, surgiu em sua casa para visitá-lo.
Era uma noite muito fria, típica do final do outono londrino. O amigo o encontrou na casa, sozinho, sentado diante da lareira, onde o fogo estava brilhante e acolhedor, a pitar um belo cachimbo, cujo fumo irlandês espalhava um suave perfume adocicado e defumado no ambiente.
Adivinhando o motivo da visita do amigo, ele lhe deu as boas vindas, serviu-lhe um copo de um bom whisky das Highlands, e, aproximando-se da lareira ofereceu-lhe uma cadeira grande e confortável, próxima à chaminé e ficou quieto, esperando.
Nos minutos seguintes, houve um grande silêncio.
Os dois velhos lobos do mar somente admiravam a dança das chamas em volta dos troncos cortados de lenha, que queimavam ardendo em leves estalidos, num tenro e agradável calor.
Depois de alguns minutos, o amigo aproximou-se da lareira, examinando as brasas que se formaram, e cuidadosamente escolheu uma delas, a maior e mais incandescente de todas, empurrando-a lateralmente, para fora do fogo.
Sentando-se novamente, permaneceu silencioso e imóvel, ambos observando as brasas.
O anfitrião prestava atenção a tudo, fascinado mas também quieto.
Dentro de pouco tempo, a chama da brasa solitária diminuiu, até que após um brilho discreto e momentâneo, seu fogo apagou-se de repente.
Dentro de pouco tempo, o que naquela brasa antes era uma festa de calor e luz, agora não passava de um frio, morto e reles pedaço preto de carvão, recoberto de uma camada de cinza, espessa e esbranquiçada.
Nenhuma palavra tinha sido pronunciada desde a protocolar saudação inicial entre os dois amigos, que tantas histórias de mares e portos tinham a compartilhar, e assim continuavam.
O amigo olhou o relógio sobre uma fina cristaleira na sala, sacou o seu, pela corrente de dentro do pequeno bolso sob o cinto, e comparou as horas que marcavam. Levantou-se, foi até a lareira e movimentou novamente o pedaço de carvão já apagado, frio e inútil, colocando-o novamente no fogo, em meio as brasas ardentes.
Quase que imediatamente, aquele carvão inerte voltou a desprender-se como uma nova chama, alimentado pela luz e o calor das labaredas dos demais pedaços de carvão em brasa ao redor dele.
Então, o amigo aproximou-se da porta para ir-se embora. Foi quando seu anfitrião após abraçá-lo longamente e emocionado disse:
- "Meu caro e velho amigo, obrigado por sua visita e pela belíssima lição que me deu hoje. Retornarei aos nossos encontros e ao nosso grupo de amigos, que tanto bem sempre me fez!"
À reflexão:
- Aos amigos membros de um grupo:
Sempre vale a pena lembrar que eles fazem parte da "CHAMA" do grupo e que separado dele perdem seu brilho!.
Vale lembrar-lhes que também são responsáveis de manter acesas as chamas do "ENCONTRO" entre cada um dos seus membros e de promover a união entre todos eles, para que o fogo seja sempre realmente forte e duradouro!
- Aos irmãos e filhos:
Uma família se mantém com a chama acesa quando os membros não esquecem que a união acima de qualquer diferença é que possibilitará que o barco vença o navegar da vida, com bom ou mau tempo!
- Você, brasa que aquece, lembre:
Cada madeira que constitui o feixe não é igual e nem queima da mesma forma, porém, o conjunto emite luz intensa e é quem aquece a todos e ao ambiente onde vivem.
Juntos é que somos fortes! Faça seu sonho ser maior que suas dificuldades!!!
Captain Raymond Maig - Royal Navy em 1869.

domingo, 1 de dezembro de 2019

O que é uma "família desajustada".

     Esse termo é usado para definir famílias ou relacionamentos neuróticos. Os envolvidos estão presos em algum tipo de círculo vicioso que causa a todos muito sofrimento e apresentam padrões destrutivos de relacionamento. As famílias de alcoólatras, viciados em drogas, neuróticos, criminosos ou portadores de qualquer outro tipo de distúrbio são desajustadas. Esse termo surgiu da observação da família como um sistema, ao contrário de focar somente o problema do transgressor.              Quando uma pessoa tem um problema, a família inteira também é envolvida na situação. A disfunção pode existir sem um transgressor: se houver um segredo familiar ou se conflitos externos a afetarem de forma destrutiva, toda a família se tornará desajustada. Cada um dos membros, de um modo ou de outro, será uma vítima do problema.
     Nos dias de hoje, infelizmente, muitas famílias parecem ,estar desequilibradas. Há muita tensão, falta de comunicação, incapacidade de lidar com as emoções, falta de apoio mútuo, crítica desnecessária e destrutiva, uma atmosfera desestimulante, e isso torna seus membros incapazes de desenvolver-se positi-vamente. A casa mais parece uma zona de guerra do que um lugar seguro. Quando existe desequilíbrio na família, as pessoas odeiam e temem voltar para casa. Há rompimentos freqüentes entre os membros, vínculos fracos, muitos segredos e traições. Para sobreviver, cada membro da família usa suas defesas neuróticas. Assim, as crianças levam esse aprendizado inadequado para outros relacionamentos. O resultado é que desse núcleo original surgirão diversas outras famílias desajustadas, que por sua vez produzirão desequilibrados que mais tarde terão as próprias famílias — também desequilibradas.
Os terapeutas de família descobriram que não basta encaminhar para tratamento a pessoa portadora do problema e depois mandá-la de volta ao mesmo sistema desequilibrado. Para que a mudança seja positiva, a ênfase deve voltar-se para a unidade familiar, e não apenas para a pessoa problemática. Até mesmo parentes que não pertencem ao núcleo familiar imediato, amigos e outras pessoas envolvidas no problema devem participar do tratamento para que a mudança seja efetiva. Para que isso aconteça, quase sempre é preciso haver uma crise familiar. O paradoxo está no fato de que a crise pode ser o evento mais positivo para uma família desajustada, já que sua manifestação acelera o processo de mudança.
     Muitas famílias desajustadas não mudam porque é mais fácil e mais cômodo deixar tudo como está do que arriscar-se em terreno desconhecido. A familiaridade com o problema e as reações a ele criam uma espécie de segurança neurótica para os membros da casa. A paralisia e o torpor são mais aceitáveis do que o aprendizado de novos padrões. Essa é, porém, urna ilusão terrível, pois se torna muito mais complicado manter relacionamentos neuróticos do que saudáveis. O esforço necessário para isso não traz recompensas positivas aos envolvidos. Se a família se recusar a sair do sistema destrutivo, a pessoa que quiser mudar deve fazê-lo por si só, a despeito da reação dos parentes. Essa é uma escolha dificílima, que muitas vezes provoca rompimentos. Somos, entretanto, responsáveis por nós mesmos em primeiro lugar!

(O Terapeuta de Bolso – Susana McMahon, Ph.D;)

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

O corpo fala!

          Engole o choro. Engole sapo. Cala a boca. Cala o peito. Mas o corpo fala, e como fala. Fala a ponta dos dedos batendo na mesa. Falam os pés inquietos na cama. Fala a dor de cabeça. Fala a gastrite, o refluxo, a ansiedade. Fala o nó na garganta atravessado. Fala a angústia, fala a ruga na testa. Fala a insônia, o sono demasiado.

          Você se cala, mas o falatório interno começa .
... As pessoas adoecem porque cultivam e guardam as coisas não digeridas dentro de seus corações.... O normal do ser humano seria a comunicação e conseguir dizer o que está sentindo. Mas nem todos se habilitam para esse difícil exercício... Nem sempre digerimos bem aquelas pequenas coisas, como mensagens mal respondidas, as palavras que machucam... Você finge que não ouviu, engole e tudo isso vai se acumulando até que um dia enche. Esses pequenos fatos indigestos percorrem a garganta, entram no estômago, invadem o peito, e se deixarmos, calará nossa boca e nossa paz.... O importante é não deixar acumular ou achar que simplesmente vai aliviar com o passar dos dias. O tempo até tem um papel importante, mas não resolve tudo. Tentar mostrar que tudo sempre está bem requer muita energia, o desgaste emocional é grande... 

          CORAÇÃO NÃO É GAVETA. Não dá pra engolir tudo e dizer amém! Eu sei. Também não dá pra sair por aí vomitando as coisas entaladas na sua garganta. Mas dá para se expressar. Tem hora que o sentimento pede pra ser dito, entendido, descodificado, traduzido. Tudo que ele quer é ser exorcizado pela palavra ou pela via que lhe cabe melhor. Expressar tranquiliza a dor. Dor não é pra sentir pra sempre. 

          Dor é vírgula. Então faz uma carta, um poema, um livro. Canta uma música. Pega as sapatilhas, sapateia. Faz uma aquarela. Faz uma vida. Faz piada, faz texto, faz quadro, faz encontro com amigos. Faz corrida no parque. Fala pro seu analista, fala para Deus, para o universo... se pinta de artista. Conversa sozinho, papeia com seu cachorro, solta um grito pro céu, mas não se cale. Pois “se você engolir tudo que sente, no final você se afoga” ...