domingo, 1 de dezembro de 2019

O que é uma "família desajustada".

     Esse termo é usado para definir famílias ou relacionamentos neuróticos. Os envolvidos estão presos em algum tipo de círculo vicioso que causa a todos muito sofrimento e apresentam padrões destrutivos de relacionamento. As famílias de alcoólatras, viciados em drogas, neuróticos, criminosos ou portadores de qualquer outro tipo de distúrbio são desajustadas. Esse termo surgiu da observação da família como um sistema, ao contrário de focar somente o problema do transgressor.              Quando uma pessoa tem um problema, a família inteira também é envolvida na situação. A disfunção pode existir sem um transgressor: se houver um segredo familiar ou se conflitos externos a afetarem de forma destrutiva, toda a família se tornará desajustada. Cada um dos membros, de um modo ou de outro, será uma vítima do problema.
     Nos dias de hoje, infelizmente, muitas famílias parecem ,estar desequilibradas. Há muita tensão, falta de comunicação, incapacidade de lidar com as emoções, falta de apoio mútuo, crítica desnecessária e destrutiva, uma atmosfera desestimulante, e isso torna seus membros incapazes de desenvolver-se positi-vamente. A casa mais parece uma zona de guerra do que um lugar seguro. Quando existe desequilíbrio na família, as pessoas odeiam e temem voltar para casa. Há rompimentos freqüentes entre os membros, vínculos fracos, muitos segredos e traições. Para sobreviver, cada membro da família usa suas defesas neuróticas. Assim, as crianças levam esse aprendizado inadequado para outros relacionamentos. O resultado é que desse núcleo original surgirão diversas outras famílias desajustadas, que por sua vez produzirão desequilibrados que mais tarde terão as próprias famílias — também desequilibradas.
Os terapeutas de família descobriram que não basta encaminhar para tratamento a pessoa portadora do problema e depois mandá-la de volta ao mesmo sistema desequilibrado. Para que a mudança seja positiva, a ênfase deve voltar-se para a unidade familiar, e não apenas para a pessoa problemática. Até mesmo parentes que não pertencem ao núcleo familiar imediato, amigos e outras pessoas envolvidas no problema devem participar do tratamento para que a mudança seja efetiva. Para que isso aconteça, quase sempre é preciso haver uma crise familiar. O paradoxo está no fato de que a crise pode ser o evento mais positivo para uma família desajustada, já que sua manifestação acelera o processo de mudança.
     Muitas famílias desajustadas não mudam porque é mais fácil e mais cômodo deixar tudo como está do que arriscar-se em terreno desconhecido. A familiaridade com o problema e as reações a ele criam uma espécie de segurança neurótica para os membros da casa. A paralisia e o torpor são mais aceitáveis do que o aprendizado de novos padrões. Essa é, porém, urna ilusão terrível, pois se torna muito mais complicado manter relacionamentos neuróticos do que saudáveis. O esforço necessário para isso não traz recompensas positivas aos envolvidos. Se a família se recusar a sair do sistema destrutivo, a pessoa que quiser mudar deve fazê-lo por si só, a despeito da reação dos parentes. Essa é uma escolha dificílima, que muitas vezes provoca rompimentos. Somos, entretanto, responsáveis por nós mesmos em primeiro lugar!

(O Terapeuta de Bolso – Susana McMahon, Ph.D;)