sábado, 1 de agosto de 2020


PARADOXO

Fico tentando entender quem somos quando ...
Há uns quatro bilhões de anos, com o nascimento do planeta terra, imagino que ele era uma bola incandescente e que depois de milênios esfriando tornou-se uma esfera perfeita. Em algumas depressões formaram-se os rios e os mares sem grandes acidentes geográficos. Os rios corriam suavemente de sua nascente aos grandes lagos ou oceanos. Após esse período começaram surgir erupções vulcânicas, terremotos, acomodamento de placas tectônicas etc. Essas ocorrências terríveis causaram grande mudança na crosta terrestre. Surgiram vales, montanhas, erosões, mudança da qualidade de solo e outras alterações que viriam mudar completamente o curso suave dos rios.
O rio que corria suavemente num repente se viu despencando de uma altura de uns duzentos metros. Ao redor dessa erosão, suas águas foram cavando cavernas modificando ainda mais o ambiente que passaria a se chamar “cachoeira ou catarata”.
Diante de todo esse desastre geológico, o homem fica extasiado e perplexo em admiração. Acha uma paisagem linda. Tira fotos, faz filmes e não se contém diante de tanta “beleza”.

Fico tentando entender quem somos quando ...
Num ringue, dois brutamontes, um em cada canto em diagonal fazem trejeitos e saltitam para exibir seus dotes físicos. Ao redor, mais abaixo, numerosos espectadores aguardam barulhenta e ansiosamente o som do gongo que aproximará os dois contendores. Quando a luta começa os personagens principais desse espetáculo trocam socos, pontapés e outras agressões violentas causando verdadeiro delírio para quem assiste. A gritaria aumenta chegando ao histerismo.

Fico tentando entender quem somos quando ...
Vejo com que admiração todos os relatos históricos citam os “Grandes Conquistadores”: Hernán Cortez: Conquistou o Império Asteca; Franzisco Pizarro: Conquistou o Império Inca; Mahmud de Ghazni: Conquistou grande parte do território do atual Irã; Napoleão Bonaparte: Conquistou grande parte da Europa; Adolf Hitler: Conquistou grande parte da Europa e Africa do Norte; Átila, o Huno: Conquistou a Europa Central e Oriental; Ciro, o Grande: Conquistou a Ásia Ocidental; Tamerlão: Conquistou o Sudoeste Asiático; Alexandre, o Grande: Conquistou a Península Balcã, Ásia Menor, Oriente Médio e Egito; Gêngis Khan: Conquistou territórios do Oceano Pacifico ao Mar Cáspio. E leio também que essas conquistas foram feitas à custa de muita atrocidade e sangue.

Fico tentando entender quem somos quando ...
Quero assistir a um filme através da televisão e vou clicando no controle remoto a escolha de um apropriado e apenas encontro: O Exterminador do Futuro; Covil de Ladrões; Zumbilândia; Alma Perdida; A Marca do Demônio; Boneca Maldita; O Massacre da Serra Elétrica; Floresta de Sangue; O Homem das Trevas; Matador em Perigo etc.

Fico tentando entender quem somos quando ...
O motorista de um caminhão transportando mercadorias tem um mal súbito e capota seu caminhão, dezenas de pessoas estacionam ao seu lado. Não para socorrê-lo mas para saquear sua carga.

Para mudar esse paradigma de maldade e violência já enraizado em nosso DNA apenas contamos com um conjunto de normas que chamamos de leis, as escolas e as religiões. Se nos analisarmos ao longo do tempo veremos que desde a antiguidade até os dias atuais houve considerável melhora em nosso  comportamento mas não em nossa essência. 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

O AMIGO E A BRASA SOLITÁRIA

Um Oficial de Marinha, já na reserva, comparecia assiduamente às reuniões de um grupo de amigos de farda, e, de repente, deixou de participar de suas atividades.
Algo o fez afastar-se...
Depois de algumas semanas, um colega de turma, velho Capitão-de-Mar-e- Guerra, integrante do grupo, surgiu em sua casa para visitá-lo.
Era uma noite muito fria, típica do final do outono londrino. O amigo o encontrou na casa, sozinho, sentado diante da lareira, onde o fogo estava brilhante e acolhedor, a pitar um belo cachimbo, cujo fumo irlandês espalhava um suave perfume adocicado e defumado no ambiente.
Adivinhando o motivo da visita do amigo, ele lhe deu as boas vindas, serviu-lhe um copo de um bom whisky das Highlands, e, aproximando-se da lareira ofereceu-lhe uma cadeira grande e confortável, próxima à chaminé e ficou quieto, esperando.
Nos minutos seguintes, houve um grande silêncio.
Os dois velhos lobos do mar somente admiravam a dança das chamas em volta dos troncos cortados de lenha, que queimavam ardendo em leves estalidos, num tenro e agradável calor.
Depois de alguns minutos, o amigo aproximou-se da lareira, examinando as brasas que se formaram, e cuidadosamente escolheu uma delas, a maior e mais incandescente de todas, empurrando-a lateralmente, para fora do fogo.
Sentando-se novamente, permaneceu silencioso e imóvel, ambos observando as brasas.
O anfitrião prestava atenção a tudo, fascinado mas também quieto.
Dentro de pouco tempo, a chama da brasa solitária diminuiu, até que após um brilho discreto e momentâneo, seu fogo apagou-se de repente.
Dentro de pouco tempo, o que naquela brasa antes era uma festa de calor e luz, agora não passava de um frio, morto e reles pedaço preto de carvão, recoberto de uma camada de cinza, espessa e esbranquiçada.
Nenhuma palavra tinha sido pronunciada desde a protocolar saudação inicial entre os dois amigos, que tantas histórias de mares e portos tinham a compartilhar, e assim continuavam.
O amigo olhou o relógio sobre uma fina cristaleira na sala, sacou o seu, pela corrente de dentro do pequeno bolso sob o cinto, e comparou as horas que marcavam. Levantou-se, foi até a lareira e movimentou novamente o pedaço de carvão já apagado, frio e inútil, colocando-o novamente no fogo, em meio as brasas ardentes.
Quase que imediatamente, aquele carvão inerte voltou a desprender-se como uma nova chama, alimentado pela luz e o calor das labaredas dos demais pedaços de carvão em brasa ao redor dele.
Então, o amigo aproximou-se da porta para ir-se embora. Foi quando seu anfitrião após abraçá-lo longamente e emocionado disse:
- "Meu caro e velho amigo, obrigado por sua visita e pela belíssima lição que me deu hoje. Retornarei aos nossos encontros e ao nosso grupo de amigos, que tanto bem sempre me fez!"
À reflexão:
- Aos amigos membros de um grupo:
Sempre vale a pena lembrar que eles fazem parte da "CHAMA" do grupo e que separado dele perdem seu brilho!.
Vale lembrar-lhes que também são responsáveis de manter acesas as chamas do "ENCONTRO" entre cada um dos seus membros e de promover a união entre todos eles, para que o fogo seja sempre realmente forte e duradouro!
- Aos irmãos e filhos:
Uma família se mantém com a chama acesa quando os membros não esquecem que a união acima de qualquer diferença é que possibilitará que o barco vença o navegar da vida, com bom ou mau tempo!
- Você, brasa que aquece, lembre:
Cada madeira que constitui o feixe não é igual e nem queima da mesma forma, porém, o conjunto emite luz intensa e é quem aquece a todos e ao ambiente onde vivem.
Juntos é que somos fortes! Faça seu sonho ser maior que suas dificuldades!!!
Captain Raymond Maig - Royal Navy em 1869.