Roger Moreira, vocalista
do Ultraje à Rigor em Carta publicada no jornal Diário de São
Paulo:
”Lutei contra a ditadura, sim! Tomei borrachadas, engoli gaz
lacrimogênio, corri da cavalaria na Av. São João em direção à Praça Antonio
Prado e à Praça da Sé.
Participei das perigosas assembléias dos sindicatos,
onde milicos escondidos na massa guardavam na memória o rosto dos mais
exaltados.
Arrisquei o emprego, pichei muro com o slogan “Abaixo a
Ditadura”.
Distribui panfletos.
Morri de medo.
Chorei quando
anunciaram a devolução do poder ao povo: eu e mais alguns milhões.
Hoje,
vendo pessoas morrendo em filas de hospitais, bandidos matando por R$ 10,
pessoas andando feito zumbi nas ruas por causa das drogas, adolescentes que não
sabem quanto é 6 x 8, meninas de 14 anos parindo filhos sem pais, toda a classe
política desse país desfilando uma incompetência absurda, o nosso país sendo
ridicularizado por tantos escândalos...
Eu peço perdão ao Brasil pela
porcaria que fiz...
Deveria ter ficado em casa.”
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