O que é uma "família desajustada".
Esse termo é usado para definir famílias ou
relacionamentos neuróticos. Os envolvidos estão presos em algum tipo de círculo vicioso que causa a todos
muito sofrimento e apresentam padrões destrutivos de relacionamento.
As famílias de alcoólatras, viciados em drogas, neuróticos,
criminosos ou portadores de qualquer outro tipo de distúrbio
são desajustadas. Esse termo surgiu da observação da família como um sistema,
ao contrário de focar somente o problema do transgressor. Quando uma pessoa tem um problema, a família
inteira também é envolvida na situação. A disfunção pode existir sem um
transgressor: se houver um segredo familiar ou se conflitos externos a afetarem de
forma destrutiva, toda a família se tornará desajustada. Cada um dos membros, de um modo ou
de outro, será uma vítima do problema.
Nos dias de hoje, infelizmente, muitas famílias
parecem ,estar desequilibradas. Há muita tensão, falta de comunicação, incapacidade de lidar
com as emoções, falta de apoio mútuo, crítica desnecessária e
destrutiva, uma atmosfera desestimulante, e isso torna seus
membros incapazes de desenvolver-se positi-vamente. A casa mais
parece uma zona de guerra do que um lugar seguro. Quando existe
desequilíbrio na família, as pessoas odeiam e temem voltar para
casa. Há rompimentos freqüentes entre os membros, vínculos
fracos, muitos segredos e traições. Para sobreviver, cada membro
da família usa suas defesas neuróticas. Assim, as crianças levam
esse aprendizado inadequado para outros relacionamentos. O resultado é que desse
núcleo original surgirão diversas outras
famílias desajustadas, que por sua vez produzirão desequilibrados que mais tarde terão as próprias
famílias — também desequilibradas.
Os terapeutas de
família descobriram que não basta encaminhar para tratamento a pessoa
portadora do problema e depois mandá-la de volta ao mesmo
sistema desequilibrado. Para que a mudança seja positiva, a ênfase deve voltar-se para a
unidade familiar, e não apenas para a pessoa
problemática. Até mesmo parentes que não pertencem ao núcleo familiar imediato, amigos e outras pessoas envolvidas no problema devem participar do
tratamento para que a mudança seja efetiva. Para que isso aconteça, quase
sempre é preciso haver uma crise
familiar. O paradoxo está no fato de que a crise pode ser o evento mais
positivo para uma família desajustada, já que sua
manifestação acelera o processo de mudança.
Muitas famílias desajustadas não mudam porque é mais fácil e mais cômodo
deixar tudo como está do que arriscar-se em terreno desconhecido.
A familiaridade com o problema e as reações a ele criam uma espécie de
segurança neurótica para os membros da casa. A paralisia e o torpor são mais
aceitáveis do que o aprendizado
de novos padrões. Essa é, porém, urna ilusão terrível, pois se torna muito mais complicado manter relacionamentos neuróticos do que saudáveis. O esforço necessário
para isso não traz recompensas
positivas aos envolvidos. Se a família se recusar a sair do sistema destrutivo, a pessoa que quiser
mudar deve fazê-lo por si só, a despeito da reação dos parentes. Essa é uma
escolha dificílima, que muitas vezes
provoca rompimentos. Somos, entretanto,
responsáveis por nós mesmos em primeiro lugar!
(O Terapeuta de Bolso –
Susana McMahon, Ph.D;)