domingo, 29 de setembro de 2019


A Vida


A vida decepciona-o pra você parar de viver com ilusões e ver a realidade.
A vida destrói todo o supérfluo até que reste somente o importante.
A vida não te deixa em paz, para que deixe de culpar-se e aceite tudo como "É".
A vida vai retirar o que você tem, até você parar de reclamar e começar agradecer.
A vida envia pessoas conflitantes para te curar, pra você deixar de olhar para fora e começar a refletir o que você é por dentro.
A vida permite que você caia de novo e de novo, até que você decida aprender a lição.
A vida lhe tira do caminho e lhe apresenta encruzilhadas, até que você pare de querer controlar tudo e flua como um rio.
A vida coloca seus inimigos na estrada, até que você pare de "reagir".
A vida te assusta e assustará quantas vezes for necessário, até que você perca o medo e recupere sua fé.
A vida lhe distancia das pessoas que você ama, até entender que não somos esse corpo, mas a alma que ele contém.
A vida ri de você muitas e muitas vezes, até você parar de levar tudo tão a sério e rir de si mesmo.
A vida quebra você em tantas partes quantas forem necessárias para a luz penetrar em ti.
A vida confronta você com rebeldes, até que você pare de tentar controlar.
A vida repete a mesma mensagem, se for preciso com gritos e tapas, até você finalmente ouvir.
A vida envia raios e tempestades, para acorda-lo.
A vida o humilha e por vezes o derrota de novo e de novo até que você decida deixar seu ego morrer.
A vida lhe nega bens e grandeza até que pare de querer bens e grandeza e comece a servir.
A vida corta suas asas e poda suas raízes, até que não precise de asas nem raízes, mas apenas desapareça nas formas e seu ser voe.
A vida lhe nega milagres, até que entenda que tudo é um milagre.
A vida encurta seu tempo, para você se apressar em aprender a viver.
A vida te ridiculariza até você se tornar nada, ninguém, para então torna-se tudo.
A vida não te dá o que você quer, mas o que você precisa para evoluir.
A vida te machuca e te atormenta até que você solte seus caprichos e birras e aprecie a respiração.
A vida te esconde tesouros até que você aprenda a sair para a vida e busca-los.
A vida te nega Deus, até você vê-lo em todos e em tudo.
A vida te acorda, te poda, te quebra, te desaponta... Mas creia, isso é para que seu melhor se manifeste... até que só o AMOR permaneça em ti.
(Bert Hellinger)

          O professor, Bert Hellinger, pra quem não sabe, faleceu no dia 19/9/19, semana passada. O alemão que já foi padre, deixou o celibato e tornou-se psicoterapeuta e escritor. Tinha 93 anos. É conhecido mundialmente pela criação do método terapêutico "Constelação Familiar”.

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Comunicação

A boa comunicação é um fator importante nos relacionamentos. Comunicar-se bem é mais que conversar. Há muitos casais que passam a vida juntos e conversam bastante, mas não se comunicam. Há também o oposto: casais que parecem conversar pouco, mas são verdadeiramente íntimos e ligados um ao outro. A comunicação é um meio de obter intimidade com o outro. É uma maneira de partilhar e sentir-se incluído. A boa comunicação faz com que o outro nos conheça de verdade e nos apóie quando precisamos. É uma das maiores alegrias da vida. O interesse social envolve boas habilidades de comunicação.

         Habilidade é uma palavra-chave para entender o que é comunicação. Há gente de sorte que se comunica naturalmente com os outros, mas a grande maioria precisa aprender, o que, felizmente, é possível. Paradoxalmente, os bons comunicadores são sempre bons ouvintes e não precisam ser bons oradores. Isso porque aprendemos a falar, mas não a ouvir. Ouvir de verdade é muito difícil porque é preciso haver interesse pelo outro, muita concentração e paciência. Por isso é mais divertido falar do que ouvir. Assim, a maioria quer se divertir e não sobram muitos bons ouvintes. Se ouvirmos realmente o que os outros dizem, perceberemos como isso é estranho. É preciso ter aptidão para esperar que o outro termine de falar e nos concentrar no que ele diz, e não no que nós dizemos. Podemos, entretanto, aprender a repetir o que acabamos de ouvir em vez de pressupor o que foi dito. É difícil parar de pensar e nos concentrar no outro — e é surpreendente perceber como é diferente o processo de ouvir.

         A boa comunicação envolve um repertório de resolução de problemas e também a capacidade de dar apoio. São duas habilidades diferentes para ser usadas em momentos diferentes. A maior parte de nossas comunicações visa à solução de problemas. Alguém comenta alguma coisa e você dá seu parecer sobre o que faria na mesma situação. Seu companheiro diz, por exemplo: "Estou com raiva. Não sei o que fazer".Você responde: "Hoje eu também fiquei bravo e resolvi gritar. Por que não faz o mesmo?" Esse é um exemplo de comunicação que visa à solução de problemas. Em outro exemplo, seu cônjuge diz: "Eu me atrasei porque acabou a gasolina do carro no caminho".Você responde: "Que descuido, você devia ter enchido o tanque antes de sair". A resolução de problemas é uma grande forma de comunicação quando, e somente quando, alguém pede seu conselho. Você provavelmente abusa desse tipo de comunicação. Corre a dar conselhos antes que lhe peçam, portanto não se surpreenda se as pessoas reagirem negativamente.

As habilidades de apoio são mais raras e mais difíceis de aprender. Elas são o oposto da resolução de problemas.Você não dá sua opinião nem seus conselhos a não ser que lhe peçam. Mesmo assim, precisa descobrir o que o outro está pensando antes de dar uma resposta. A comunicação de apoio tem por objetivo levar o outro a sentir-se bem porque resolveu o problema. Pensando bem, a maioria de nossas comunicações serve para demonstrar nossa inteligência ou nossa capacidade. A comunicação de apoio transfere totalmente o ônus da conversa para o outro. Permite que ele diga tudo o que quer sem interrupções nem discussões. Isso significa ouvir de verdade. A comunicação de apoio favorece a reflexão pela repetição do que o outro diz. Significa ouvir objetivamente e preterir sua necessidade de falar para permitir que o outro se expresse. Suspende julgamentos, pressuposições e suposições. Não é de admirar que seja difícil. Seu parceiro diz, por exemplo: "Estou com raiva. Não sei o que fazer". Um comunicador de apoio diria: "Estou ouvindo, você está com raiva" ou "O que quer fazer?" ou ainda "Por que está com raiva?" Talvez o comunicador não diga nada, mas demonstrará seu interesse de forma não-verbal ao interromper o que está fazendo, encarar o interlocutor e ouvir objetivamente. Habilidade de apoio significa que o outro sabe que você está ali para ajudá-lo e vai ouvi-lo sem julgamentos. Para fazer isso com eficiência, é preciso ter muita auto-estima. Não é possível estar carente de atenção e dar apoio por muito tempo. Mais cedo ou mais tarde, as necessidades do ouvinte prevalecerão e ele tentará tornar-se o foco da comunicação. Se você pretende desenvolver habilidades de apoio, mantenha o foco da conversa no outro enquanto ele tiver necessidade de falar.

Os terapeutas, os consultores, as enfermeiras e outros profis­sionais que trabalham com aconselhamento aprendem a comu­nicação de apoio como parte de suas funções. É impressionante constatar que praticamente não transferimos essas habilidades profissionais para a vida pessoal. Não há lugar mais importante para praticar essas habilidades do que o próprio lar. Lá estão as pessoas que amamos e que nos amam. E, ainda assim, o lar é sem dúvida o lugar mais difícil para praticá-la.

A boa comunicação ocorre quando mudamos a proporção entre a solução de problemas e a conversa de apoio. Usamos provavelmente o primeiro tipo durante 90% do tempo, deixando apenas 10% ou menos para o outro tipo. Se invertêssemos essa proporção, haveria mais interesse social no mundo. Saberíamos que somos ouvidos, que compartilhamos nossas idéias com os entes queridos e que fazemos parte de alguma coisa maior.

(O Terapeuta de Bolso)