Quando ajudar e quando não ajudar
Em primeiro
lugar, certifique-se de que o outro precisa de sua ajuda. Não faça suposições e não ofereça ajuda quando é você quem
precisa dela. O tiro pode sair pela culatra. Evite a necessidade de ser necessário. Essa é outra armadilha na
qual podemos cair facilmente. Tenha
certeza de que sua oferta — tempo, energia, serviços, sacrifício — é gratuita, que não há outros motivos por trás dela. Se lhe pedirem ajuda quando você não quiser,
mas achar que deve dar, certifique-se de que é temporária. Assim, saberá
exatamente a dimensão do problema e o
momento certo de parar. Se não puder,
não faça. Se perceber que se envolveu numa situação que exige muito de
você, que pode lhe provocar mágoa ou raiva, pare.
É melhor não ajudar se isso vai prejudicá-lo. Não há lei que proíba a interrupção da ajuda quando ela se torna
desnecessária ou onerosa. Cuidado com
as pessoas que esperam eterna generosidade de sua parte. Elas não têm
auto-estima e podem fazê-lo perder a sua.
A história seguinte é um exemplo claro do perigo
da doação exagerada.
Numa floresta mora um pântano que está sempre
deprimido, triste e infeliz da vida. Um belo dia, um trator novinho em folha sai da
linha de montagem e vai passear na floresta onde mora o pântano. O trator assobia e canta feliz por estar vivo quando chega perto do pântano.
— Bom-dia! — diz ao
pântano. — Não é um dia maravilhoso?
— Aahh! — responde o pântano. — O que há de tão maravilhoso? Estou preso aqui na parte mais escura da floresta, onde o sol nunca aparece. Estou cansado de ser pântano.
— Gostaria de ajudá-lo — diz o inocente trator. —
Posso fazer alguma coisa? — O pântano pensa por alguns
momentos.
— Bom, se quer ajudar de verdade, acho que poderia
jogar um pouco de terra em mim. Assim deixarei de ser um pântano.
— Que ótima idéia! — exclama o trator.— Fico feliz
em ajudá-lo a deixar de ser um pântano!
E o entusiasmado trator começa a cavar e a jogar
terra no pântano. Passam-se algumas horas e nada acontece. O pântano começa a
reclamar.
—Acho que você está lento demais, por isso não vejo
diferença.
— Está bem — responde o trator. —Vou cavar mais
depressa.
O dia passa e o tratorzinho começa a ficar cansado.
O pântano continua do mesmo jeito que estava de manhã. E fica bravo com o
trator.
— Se você gostasse de mim de verdade, faria isso
melhor. Acho que não se importa comigo.
Até então, o trator
passara o dia inteiro ajudando o pântano e se sente na obrigação
de continuar.Assim, esforça-se mais apesar de estar cansado e fraco.
Cava durante a noite toda, enquanto o pântano dorme, e continua
na manhã seguinte debaixo das reclamações do ingrato. O trator literalmente morre
de tanto cavar e começa a afundar no pântano. Não existem provas de que ele realmente esteve lá. O
pântano continua pântano e espera que outro trator venha
salvá-lo de seu destino.
O que o trator poderia
ter feito? Se tivesse auto-estima, se soubesse como se cuidar,
poderia ter perguntado ao pântano o que estaria disposto a fazer para mudar. Poderia ter
passado pelo pântano e percebido que ajudá-lo era uma armadilha perigosa. Se fosse um
trator com interesse social, poderia ter oferecido ajuda temporária ao
pântano. Assim, quando percebesse que sua ajuda seria inútil, poderia ter
seguido seu caminho feliz da vida mesmo sabendo que o pântano continuaria a ser
pântano. Em todos os casos, se o trator tivesse auto-estima não daria sua vida pelo
pântano.
Algumas pessoas são como esse trator (doador), que
foi atraído pelo pântano (receptor). Para mudar esse final trágico para um desfecho feliz, tanto
o trator quanto o pântano precisariam cuidar de si mesmos. Os
pântanos do mundo devem aprender a fazer as coisas por si próprios e os tratores a
deixar que os pântanos façam isso. Os tratores devem permitir que os pântanos continuem pântanos. Por ser tão generoso,
o doador reduz o receptor a uma posição inferior, ao papel da vítima que sempre se magoa e odeia seu salvador. É possível perceber como o receptor é
destrutivo, mas o doador também é assim. O objetivo do doador —
sentir-se bem e receber o crédito pelo
resultado — é um sacrifício muito maior
do que o receptor deseja.
Esse texto é muito importante pra refletirmos sobre quando devemos deixar de ajudar sem sentirmos que estamos agindo com falta de amor ao próximo. Sem dor de consciência. A oração de São Francisco de Assis fala muito bem sobre isso.
ResponderExcluirÉ o significado da máscara de oxigênio no avião; se for ajudar alguém, primeiro coloque a máscara em si, para depois ajudar outrem
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