quinta-feira, 9 de abril de 2015

          
          Vivemos uma era em que dois fenômenos são marcantes. 
          
          O primeiro deles é a descrença nas instituições e em seus dirigentes. Isso vale para governos, partidos políticos, religiões, associações, escolas, até a estrutura familiar sofre abalos. Essa falta de sentimento de pertencimento às instituições em geral tem sido abordada por pensadores respeitados de vários partes do mundo. 

          O segundo é a expansão e o uso da internet como forma de acesso à informação e meio de expressão de opiniões, especialmente nas redes sociais. Como oportunidade inédita de comunicação entre as pessoas, a internet tem um lado muito positivo, pois contribui para democratizar o conhecimento e das voz a quem antes ficava mais calado. Entretanto, ela também tem um lado preocupante. Com uma infinidade de informações disponíveis mediante um clique no computador ou celular, as pessoas perderam a paciência para ler textos mais longos e mais profundos e, frequentemente têm formado opinião apenas pelas manchetes. Quando alguém exprime uma opinião categórica entre um assunto, não é raro se constatar a falta de fundamentos e a inconsistência no que é dito. Além disso, a facilidade para expressar opiniões na internet tem gerado a emissão de juízos apressados, intolerantes e agressivos. Muitas vezes, com alta dose de superficialidade e erros grosseiros de redação. 

          Em um cenário como esse de descrença nas instituições e de facilidade para emitir opiniões superficiais, a "terceirização da culpa" é muito comum; tudo que está errado é o outro que faz; a corrupção só existe no grupo dos outros; gestão errada é aquela da qual eu não faço parte. 

          O leitor sério fica perdido. Não raro, ele lê testos de correntes antagônicas e não sabe em quem acreditar. Ou chega a conclusão de que é tudo "farinha do mesmo saco", que todos distorcem a verdade. E é neste ponto que quero chegar. A pior coisa que pode nos ocorrer é a falta de esperança e a desistência de participar do esforço de construção de um mundo melhor. (Sérgio Riede)

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